“Quem tem história é quem viveu, quem serviu, quem emocionou, quem fez projeto” - Antônio Naves
27 de novembro de 1967
Uberlândia - Minas Gerais (Brasil)
Local: Sociedade Médica - Av. Cesário Alvim, 02 - Centro.
Este é o ponto de partida do que podemos chamar de virada de chave.
Seria leviano dizer que é somente o ponto de partida da história da Icasu, a Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia. É que esta data é crucial para a mudança de vida de milhares de pessoas. A partir daquele 27 de novembro, o efeito em cadeia começou na velocidade acelerada da necessidade de mudança, de ação e melhoria da vida.
Imagine você reunir em uma sala, no fim da década de 1960, numa Uberlândia que não chegava a 100 mil habitantes*, lideranças da cidade com o principal objetivo: tirar pessoas que pediam esmolas nas ruas. A curiosidade é que o encontro teve uma das lideranças o bispo diocesano e o combinado que sairia dali era de gente de todo tipo de religião. A reunião não era sobre crença, mas sobre valores pessoais que nada tem a ver com dinheiro, apesar de precisar dele. Estamos falando de solidariedade e transformação!
O bispo era Dom Almir, o primeiro bispo da Diocese de Uberlândia, e naquela noite estavam na lista das personalidades nomes que hoje, você vê em destaque nas placas de ruas, avenidas e obras públicas. Estavam lá, além do bispo, o então prefeito Renato de Freitas, o juiz Sebastião Lintz, representantes do Rotary, Lions, Maçonaria, de todas as religiões como da igreja presbiteriana, evangélica e espírita.
Naquela noite também estava um coroinha de missa de 23 anos. Para quem estava acostumado aos rituais católicos, teve que aprender muito mais que funções da liturgia para chegar até aqui, à frente da presidência da Icasu, e contar essa história com a memória jovem e com a vivência de mais de 80 anos de vida. Hoje é o Sr. Antônio Naves que lembra, como se fosse ontem, daquela noite e do jovem convidado pelo padre da igreja Bom jesus, para atender ao chamado do Bispo para ir na reunião que se tornou decisiva para ele, para as pessoas que viviam nas ruas e para todos que passaram pela Icasu desde 1967.
"Eu nunca imaginaria que sendo um coroinha de uma igreja, de 23 anos, chegaria, trabalharia na Icasu” - Antônio Naves.
Sr. Antônio lembra que na época era grande a quantidade de pessoas que pediam esmolas na região central de Uberlândia, a maioria se concentrava na porta de igrejas e na avenida Afonso Pena. Um tempo em que o trem da Mogiana ainda passava, onde atualmente é o Terminal Central de ônibus.
A primeira Ata da reunião foi elaborada pelo então juiz Sebastião Lintz e nela está a frase que é o guia da Icasu pela lembrança e pelos valores.
"A seguir, usou da palavra sua Excia. Revmo. D. Almir Marques Ferreira, conclamando todos os presentes, sem distinção de credo religioso, nacionalidade, partidarismo político ou posições sociais, a se unirem para, coesos, e numa só força, darem não somente expressão mas o vigor e eficiência à Instituição em fundação".
Trecho da Ata da 1ª reunião da Icasu - 27/11/1967
"Essa frase ficou marcada comigo, tanto é que hoje eu não fecho a porta pra ninguém da Icasu. Eu acho que a Icasu tem que ser parceira daqueles que procuram" - disse Antônio Naves.
*Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 1967, Uberlândia tinha uma população estimada de 97.779 habitantes