Famílias iam aos postos de coleta buscar doações
"Eu aprendi que a gente dando, a gente recebe" - Antônio Naves
A Uberlândia de 1967 era aquela do tempo em que a linha do trem ainda passava na região onde hoje é o Terminal Central. As cerealistas localizadas próximas ao posto da Matinha, perto da BR-050, faziam doações para a Icasu e a instituição também contava com a contribuição dos moradores em dinheiro, a moeda era o Cruzeiro, cada um ajudava com o tanto que podia. Toda ajuda era essencial. Nesta época, não eram moradores em situação de rua, e sim moradores de Uberlândia, mas que saiam às ruas pedindo esmolas. A Icasu fez um acordo com as famílias: faria a doação dos alimentos, mas não haveria mais a mendicância em Uberlândia.
A entrega dos alimentos foi organizada com a criação de postos de distribuição em locais estratégicos. A Icasu fez uma parceria com escolas da cidade. Todos os sábados de manhã, a fila se formava de famílias em busca do básico, principalmente de comida.
"Não era cesta básica na época, eram cotas de alimentos. Você colocava os alimentos e eles pegavam arroz, feijão, querosene porque a maioria da cidade não tinha energia elétrica e os bairros eram a lamparina. E a gente organizava aquilo ali com o mantimento que tinha”, diz Antônio Naves.
O local onde o Sr. Antônio fazia a doação era no Tibery, mas esse atendimento organizado por equipes era assim nos cinco postos de distribuição, dentro de escolas nos bairros: Martins, Planalto, Santa Mônica, Saraiva e Tibery. Os alimentos eram à granel e cada família recebia um kit com comida suficiente para uma semana. O óleo, por exemplo, era colocado em garrafas de vidro. Os alimentos eram colocados dentro das escolas, as salas de aula eram usadas e as famílias orientadas sobre maneiras de usar bem os alimentos. Depois de uma oração, as famílias saiam. O Sr. Antônio conta que cada uma das cotas de alimento era de acordo com a necessidade de cada um.
A cada semana, passavam de 50 a 60 famílias em cada uma das escolas.
A rotina da doação foi assim até 1974. Durante 7 anos, mais de 250 famílias contaram com a Icasu para a sobrevivência. Deu certo, só que era preciso fazer mais.
*A história da Icasu está sendo contada a partir das lembranças do presidente da instituição, Antônio Naves.